quinta-feira, abril 12, 2007

Dona Candinha x Seu Orkut

"Como vai você
Eu preciso saber da sua vida
Peça a alguém pra me contar sobre o seu dia
Anoiteceu e eu preciso só saber."

Como vai você ( Antonio Marcos - Mario Marcos )


Em tempos de neo-capitalismo, capitalismo estendido ou qualquer outro nome que inventem enquanto não chegamos finalmente ao pós-capitalismo, bem sabemos que a conhecida batalha “homem x máquina” tem seus prós e contras. A máquina já substituiu o homem em uma série de atividades, trazendo consigo as benesses da alta produtividade, da eficiência, que permitem custos cada vez menores para diversos bens. Também são conhecidos os efeitos nefastos dessa substituição – desemprego, exigência de maior qualificação para o mercado de trabalho e blá, blá blá. Até a nossa boa e velha vida social já se encontra mais movimentada e eficiente dentro de um computador do que fora dele.

Mas tudo tem que ter um limite. Estão querendo agora delegar ao Orkut uma tarefa que era exclusividade de diletas e muito vigilantes senhorinhas dos subúrbios e cidades do interior: a fofoca ou, para ser politicamente correta, a atividade loquaz de manter sempre atualizada a rede de informações de um determinado grupo social (que pode ser da a rua, a igreja, a associação, o clube ou o bairro).

Mas para salvaguardar esse patrimônio intangível da humanidade, eis que surge um paladino: a Justiça Mineira! Ei, não confunda. Não estou me referindo à milícia, ok?! A Justiça Mineira mesmo – aquela senhora distinta, com direito a venda sobre os olhos e pão-de-queijo sobre as bandejas da balança, mandou retirar do Orkut uma página intitulada “Fofocas de Jacutinga”. (Link cortesia do amigo James)

Bem, esse fato histórico deve ter sido comemorado pelo SindPOVO - Sindicato das Propagadoras Oficiais de Verdades Oficiosas de Jacutinga. Afinal, se a justiça não metesse sua colher nesse negócio, o que seria das muitas “Donas Candinhas e Marocas” espalhadas por subúrbios e cidadezinhas afora? Seriam aposentadas compulsoriamente? Sofreriam de atrofia lingual ou depressão por ausência de disse-me-disse, por certo, com a concorrência desleal e veloz desse tal “Seu Orkut”; veriam suas boas e velhas cadeiras de balanço e agulhas de crochê definharem por falta de uso em frente ao portão... Assim, o ofício ou hobby preferido delas (e deles também, para não ser tão sexista) está garantido até segunda ordem.

P.S: E antes que alguém aí pergunte: não, eu não criarei uma ONG em defesa dos Sem-Maledicência, dos Sem-Futricos ou dos Sem-Funfunha. Não daria uma boa sigla.

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