Blitz cultural
Depois do comentário de uma amiga durante nossa costumeira caminhada na praia, fiquei pensando no que fazer para ajudá-la...
F, de hoje em diante te acompanho a todos os eventos 'toscos' que vc me chamar. Vc não vai ter mais desculpas para não ir e, além disso, eu quero me tornar uma pessoa mais cult. Não adianta só fazer cara de menina de conteúdo, né?
Bem... Algumas gargalhadas depois e por ser uma amiga leal, creio ser meu dever moral tentar ajudá-la a alcançar seus objetivos intelectuais. Sendo assim, hoje mesmo farei uma extensa blitz no cafofo para averiguar a existência e apreender qualquer objeto suspeito que remeta a distinta aspirante a cult a seu passado popularesco.
Tal qual uma viciada em drogas ilícitas, dessas de baixíssima qualidade vendidas em Cds nos inúmeros camelôs da cidade, minha amiga precisa ser urgentemente afastada de tudo aquilo que possa levá-la a possíveis e lamentáveis recaídas. Por isso, eis aqui o plano a ser implementado no nosso apartamento a partir de hoje:
1. Darei sumiço naquele CD do Calypso (blergh!) lá do quarto, que sequer consegue repousar sobre nossa mesinha de cabeceira, simplesmente porque é tocado à exaustão, a despeito dos ouvidos mais sensíveis à tamanha desafinação que habitam o mesmo espaço. Uma pena não estarmos mais na era do LP, que pelo menos arranhava ou furava quando era exigido demais e proporcionava alívio aos nossos tímpanos...
2. Apreenderei por tempo indeterminado aqueles CDs de funk que ficam em exposição na estante da sala, causando péssima impressão às visitas. Devem pensar que somos TODOS seguidores de refrões como “catuca, catuca, catuca lá no fundo” ou “tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha” e pérolas do gênero. Podem pensar até que “batemos bundinha” e fazemos trenzinhos e bondes no meio da sala, que horror! Mas não. Saibam esse é um caso isolado no apartamento (fica registrada aqui minha clara opção de pessoa careta e minha mão espalmada dizendo não às drogas, ok?!). No entanto, por precaução, antes que isso contamine o outro morador da casa, que já anda escutando Calcinha Preta, MC Leozinho e Perlla (pasmem!), é melhor darmos um fim nesses CDs.
3. Da mesma forma desaparecerão do apê, ad eternum, os CDs de Axé, pagodinho de 5ª (Molejo, Jeito Moleque, Raça Negra Revival, etc) e Arrocha (argh!!) que eu sei que ela esconde lá no guarda-roupa. Essas são medidas necessárias para não correr o risco de ver minha amiga tentando consumi-los no radinho do quarto em uma crise de abstinência.
4. Mandarei retirar do dial do meu velho toca-discos (é, eu ainda tenho um!) todas as sintonias referentes às rádios Nativa, FM O Dia e 98 FM. Jovem Pan, só em doses controladas e horários específicos. Paralelamente, podemos começar escutando um pouquinho de JB aqui, de Paradiso ali, um bocadinho de MPB FM acolá para que ela não tenha um choque anafilático auditivo.
5. Estarão proibidos também todos os programas do tipo fofocas-vespertinas-sobre-novelas-da-Globo, programas de auditório comandados por bestas-feras como Faustão, Gugu, Luciana Gimenez e coisas semelhantes. No seu lugar, apresentarei, em doses homeopáticas, o Sem Censura, o (Re)Corte Cultural e o Conversa Afinada, ambos da TVE/Cultura. Pode-se também apresentar o Eurochannel e outros canais de filmes/séries para que, aos poucos, ocupem o lugar das novelas nas páginas dessa vida.
6. Para complementar o processo, apresentá-la-ei ao circuito de cinemas do Grupo Estação e museus da cidade. A essa altura ela já estará mais desintoxicada e suportará bem a programação.
Ufa! Acho que já é um bom começo. E como sou boazinha, nem vou querer que ela se debruce sobre livros de filosofia, astronomia ou física quântica... um pouquinho de literatura nacional já serve. Para fechar com chave de ouro, faltará apenas tingir as madeixas de preto e, assim, potencializar o resultado.
F, de hoje em diante te acompanho a todos os eventos 'toscos' que vc me chamar. Vc não vai ter mais desculpas para não ir e, além disso, eu quero me tornar uma pessoa mais cult. Não adianta só fazer cara de menina de conteúdo, né?
Bem... Algumas gargalhadas depois e por ser uma amiga leal, creio ser meu dever moral tentar ajudá-la a alcançar seus objetivos intelectuais. Sendo assim, hoje mesmo farei uma extensa blitz no cafofo para averiguar a existência e apreender qualquer objeto suspeito que remeta a distinta aspirante a cult a seu passado popularesco.
Tal qual uma viciada em drogas ilícitas, dessas de baixíssima qualidade vendidas em Cds nos inúmeros camelôs da cidade, minha amiga precisa ser urgentemente afastada de tudo aquilo que possa levá-la a possíveis e lamentáveis recaídas. Por isso, eis aqui o plano a ser implementado no nosso apartamento a partir de hoje:
1. Darei sumiço naquele CD do Calypso (blergh!) lá do quarto, que sequer consegue repousar sobre nossa mesinha de cabeceira, simplesmente porque é tocado à exaustão, a despeito dos ouvidos mais sensíveis à tamanha desafinação que habitam o mesmo espaço. Uma pena não estarmos mais na era do LP, que pelo menos arranhava ou furava quando era exigido demais e proporcionava alívio aos nossos tímpanos...
2. Apreenderei por tempo indeterminado aqueles CDs de funk que ficam em exposição na estante da sala, causando péssima impressão às visitas. Devem pensar que somos TODOS seguidores de refrões como “catuca, catuca, catuca lá no fundo” ou “tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha” e pérolas do gênero. Podem pensar até que “batemos bundinha” e fazemos trenzinhos e bondes no meio da sala, que horror! Mas não. Saibam esse é um caso isolado no apartamento (fica registrada aqui minha clara opção de pessoa careta e minha mão espalmada dizendo não às drogas, ok?!). No entanto, por precaução, antes que isso contamine o outro morador da casa, que já anda escutando Calcinha Preta, MC Leozinho e Perlla (pasmem!), é melhor darmos um fim nesses CDs.
3. Da mesma forma desaparecerão do apê, ad eternum, os CDs de Axé, pagodinho de 5ª (Molejo, Jeito Moleque, Raça Negra Revival, etc) e Arrocha (argh!!) que eu sei que ela esconde lá no guarda-roupa. Essas são medidas necessárias para não correr o risco de ver minha amiga tentando consumi-los no radinho do quarto em uma crise de abstinência.
4. Mandarei retirar do dial do meu velho toca-discos (é, eu ainda tenho um!) todas as sintonias referentes às rádios Nativa, FM O Dia e 98 FM. Jovem Pan, só em doses controladas e horários específicos. Paralelamente, podemos começar escutando um pouquinho de JB aqui, de Paradiso ali, um bocadinho de MPB FM acolá para que ela não tenha um choque anafilático auditivo.
5. Estarão proibidos também todos os programas do tipo fofocas-vespertinas-sobre-novelas-da-Globo, programas de auditório comandados por bestas-feras como Faustão, Gugu, Luciana Gimenez e coisas semelhantes. No seu lugar, apresentarei, em doses homeopáticas, o Sem Censura, o (Re)Corte Cultural e o Conversa Afinada, ambos da TVE/Cultura. Pode-se também apresentar o Eurochannel e outros canais de filmes/séries para que, aos poucos, ocupem o lugar das novelas nas páginas dessa vida.
6. Para complementar o processo, apresentá-la-ei ao circuito de cinemas do Grupo Estação e museus da cidade. A essa altura ela já estará mais desintoxicada e suportará bem a programação.
Ufa! Acho que já é um bom começo. E como sou boazinha, nem vou querer que ela se debruce sobre livros de filosofia, astronomia ou física quântica... um pouquinho de literatura nacional já serve. Para fechar com chave de ouro, faltará apenas tingir as madeixas de preto e, assim, potencializar o resultado.
Alguma outra sugestão para ajudar-me nessa empreitada?
P.S.: Brincadeirinha tá, amiga? Vc sabe o quanto me divirto contigo. Além disso, também sabe que do jeito que sou desorientada, eu é que ando precisando de inteligência artificial...rsrs
P.S.: Brincadeirinha tá, amiga? Vc sabe o quanto me divirto contigo. Além disso, também sabe que do jeito que sou desorientada, eu é que ando precisando de inteligência artificial...rsrs
Postado por ßïå às 11:32 AM
5 Comentários:
É a Net que falou isso?
-= Bem possível.
No mínimo inusitada a pergunta, hehe. Depois vcs mesmos me aconselham, com toda aquela pompa de blogueiros experientes, para não citar nomes no Blog. Vai entender... :-)
Sugestão: Espaço Unibanco. Não deixa ninguém mais cult, mas causa uma impressão.
-= Eu só estava concordando. Quem entregou foi o Wayne.
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