Olhos desnudos
Hoje o dia começa estranho. Saio de casa para o trabalho, como sempre, lutando contra o tempo, que insiste todos os dias em ser mais rápido do que a velocidade com que eu consigo me movimentar de manhã. Depois de descer os seis andares do meu prédio de escada [já que o dito-cujo não tem elevador] noto que esquecera alguma coisa - meus óculos, amigo inseparável. Não haveria tempo nem pernas suficientes para voltar e apanhá-lo.
É esquisito. Não que eu precise dele impreterivelmente para trabalhar. Enxergo sem ele. O problema é mais psicológico, creio eu, do que físico. Como desde que me entendo por gente [isso lá pelos sete/oito anos], eu uso óculos, ficar sem eles produz a mesma sensação de alguém que sai de casa e esqueceu de por o sutiã, ou a cueca, na versão clube do bolinha. Estou me sentindo seminua.
Estar com os olhos desnudos é como se eu, por inteiro, estivesse vestida apenas com transparências. A minha sensação diante das pessoas é parecida. Estou sem meu dileto protetor, à mercê de todos os olhares surpresos em me ver sem ele e sujeita aos efeitos do sol para piorar.
E por isso resolvi postar logo de manhã, visto que após as 18h a última coisa que farei é enxergar alguma coisa...
3 Comentários:
-= COmigo o efeito é inverso, me sinto incomodado demais agora que enxergo.
Tudo me chama a atenção.
Eu só me sinto nu quando saio sem música. Trilha sonora o dia inteiro [vou acabar surdo como meu pai e meu avô] é imprescindível.
Ao assistir o filme "JANELA DA ALMA" tive a sensação de estar enxergando melhor. O filme fala da relação dos olhos com o mundo. Os óculos podem contribuir ou atrapalhar nossa visão de mundo. Eles meio que emolduram e formatam nossa visão. Bem, isso não é regra.
To louca para fazer meu óculos! Ele será uma mistura de Marília Gabriela com sei lá o que. Mas será meu óculos... Clau Paixão
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