segunda-feira, agosto 27, 2007

Tragicomédia da vida primata

“Numa terra estranha e primitiva, onde os humanos migalham por sua subsistência, fêmeas e crianças humanas são humilhadas e escorraçadas de suas plantações por primatas tiranos, que formam milícias e ameaçam o poder local. Sem concordar com a opressão imposta à raça humana, Paul Muite, deputado local, recorre ao Parlamento para conter as ofensivas das milícias em formação e defender seu povo que está sendo aterrorizado, nos últimos meses, por macacos delinqüentes, obscenos e assassinos potenciais. No entanto, seu alerta não é ouvido, suas queixas não são atendidas e a comunidade poderá sofrer com uma iminente guerra entre humanos e primatas, caso nenhuma atitude seja tomada. Será a humanidade subjugada por esses primatas vis e aterrorizantes? Haverá algum humano capaz de deter a fúria primata e restabelecer a paz entre símios e humanos?”


Na sua opinião, o que será o texto acima?

a) uma nova revista em quadrinhos
b) a sinopse de “Planeta dos Macacos II”
c) um anime-japonês-trash, cujo enredo é livremente inspirado em Marte Ataca! e Planeta dos Macacos
d) notícia tragicômica veiculada por agência internacional de notícias
e) um novo best-seller intitulado "Os macacos de Cabul"

Pois é... Pense um pouco.

Ninguém se surpreenderia se eu dissesse que a resposta correta é a “d”, né? A vida decidiu imitar a arte. E só. Não, não estou mentindo. Vejam aqui.

Depois de ler essa notícia surreal, fiquei cá matutando com meus botões:

Será que os macacos-vervet do Quênia formarão algum movimento social organizado para reivindicar seus direitos a terra? Algo assim como o MST (Macacos Sem Terra)? Ai ai...antevejo o movimento primata sendo coordenado pelo chimpanzé José-Rainha e pelo gorila José Pedro Stédile, que continuarão as invasões de sítios, plantações até chegarem ao Parlamento queniano quebrando tudo ou exigindo suborno sob a forma de dúzias e dúzias de bananas. Ou preferirão eles organizar-se bélica e politicamente em um partido chamado Bananas (de dinamite, claro)?

Quais seriam as celebridades representativas dos símios emergentes e insurgentes? O Gorilaz, pelo nome e atitude, ou o Michael Jackson, pela semelhança física?

Será que a ONU reconhecerá os direitos das minorias símias e criará termos politicamente corretos para que a humanidade se refira a eles, como cidadãos quenianos símio-descendentes, relegando as palavras “macacos”, “macaquices” e afins à categoria de impronunciáveis xingamentos?

Perguntas, perguntas, apenas perguntas.
Acompanhemos, pois, o desenrolar desse caso-verdade com ares de filme B para ver que fim terá essa estória, mas ao que tudo indica, considerando a história da humanidade e suas recorrentes ações diante de ameaças potenciais, por menores que sejam, veremos já já um “macaquicídio” generalizado no Quênia.

sexta-feira, agosto 10, 2007

O último curta em Paris

But I’m not a sad person. On the contrary.
I’m a happy person.
I have many friends and two wonderful dogs.
Sometimes I think that it would be nice to have someone, with whom to share this life.
For example, as I was looking down on Paris from a top a skyscraper, I wanted to say to someone: “It’s beautiful, isn’t it?”
But there isn’t anyone.
I thought about my ex-boyfriend, Dave, and whether he’d like this trip.
But I felt a little stupid, because it had been 11 years since we last talked.
He’s now married and has three children.

Paris, Je T'aime - 14th arrondissement
Alexander Payne


Autobiografia Fabítica. Se eu não tivesse ouvido isso no cinema ontem, juro que tentaria reivindicar a autoria destas exatas palavras. Já devo tê-las dito em alguma circunstanciazinha qualquer dessa vida. Aliás, este foi um dos curtas de “Paris, je t’aime” que mais mexeu comigo e trouxe à tona o enorme receio que tenho de me tornar uma viajante solitária ou uma excêntrica qualquer nesse mundo...

Para quem ainda não viu, aqui vai uma amostra: