terça-feira, outubro 17, 2006

'Mus-aico'

Para hoje um post sem qualquer pretensão, apenas um pouquinho de mim em cada trecho.

I want to turn the whole thing upside down
I'll find the things they say just can't be found
I'll share this love I find with everyone
We'll sing and dance to mother nature's songs
I don't want this feeling to go away

Upside down (Jack Johnson)

Quem não tem pra quem se dar
O dia é igual a noite
Tempo parado no ar há dias
Calor, insônia, oh... noite

Boa noite (Djavan)

Girl, put your records on,
tell me your favourite song.
You go ahead, let your hair down.
Sapphire and faded jeans,
I hope you get your dreams.
Just go ahead, let your hair down.
You're gonna find yourself somewhere, somehow.

Put your records on (Corinne Bailey Rae)

Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem…

Senhas (Adriana Calcanhoto)


Românticos são poucos
Românticos são loucos desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro é o paraíso

Românticos são lindos
Românticos são limpos e pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha e sem juízo

São tipos populares que vivem pelos bares
E mesmo certos vão pedir perdão
E passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo de outra desilusão
(Romântico é uma espécie em extinção)

Românticos (Vander Lee – na voz de Rita Ribeiro)

Aipim com gosto de saudade

Certos pratos ou alimentos têm o poder mágico de remeter-nos a outras épocas de nossas vidas, fazer-nos recordar lugares e pessoas que os degustavam conosco. Nesse fim de semana tive meu momento nostalgia ao saborear um prato bem simples, mas que para mim vem sempre acompanhado de lembranças da infância, de momentos de refeição em família e, por conseqüência, de muito carinho.

Como boa filha de nordestinos que sou, não resisto a certos itens da culinária “lá de riba”. Uma boa farinha de mandioca, branca e fina, por exemplo, sempre me faz lembrar daquela utilizada por minha tia para dar a liga ideal para os maravilhosos bolinhos redondos, feitos de arroz, feijão, farinha e um cheirinho de carne, que ela enfiava “goela abaixo” das crianças e chamava gentilmente de “capitão”. Eu simplesmente a-do-ra-va a farra com meus primos e, principalmente, a hora da refeição coletiva, porque sabia que ia ter capitão, um por vez para cada boquinha faminta.

Outras coisinhas gostosas que me lembram casa da vó, dos tios ou a de mami são o cuscuz de milharina e o biju, que tostadinho, com qualquer recheio ou em qualquer horário é sempre uma boa pedida.

Mas de todos os pratos habituées de nossa mesa, tenho verdadeira adoração por um: o aipim. Nessa sexta-feira, ao dividir com uma das amigas de apê uns pedaços de aipim que acabara de cozinhar, me peguei agradecendo a Deus por um momento tão simples, mas tão significativo para mim.

Nesse dia, pedaços de aipim cozido com manteiga derretendo sobre si chamaram o café fresquinho, o leite quente e me remeteram a vários outros momentos de refeição em família. E, obviamente, a alguém especial na minha vida, meu pai.

Aipim com café tem gosto de saudade. Saudade das manhãs em que ele nos acordava (eu e meus irmãos) chamando baixinho, com cafuné e com uma serenidade que só ele tinha e nos transmitia. Como era bom ser acordada desta forma só para não perder o aipim quentinho, o cuscuz de milharina ou o pão francês com ovo estrelado, com aquela gema bem molinha que só ele sabia preparar.

Ao lembrar do café, inevitavelmente lembro dos fins de semana de pizza que ele preparava para a família e para meus amigos, aquele bando de adolescentes caretinhas que freqüentavam a casa para tardes de estudo, música, filmes VHS ou qualquer outro pretexto para saborear seus quitutes. Recordo ainda dos domingos de lasanha, carne assada ou de bife à parmegiana, que ele adorava fazer... e comer, claro.

Por essas e outras, sou muito grata à vida pela família que tenho e pelo pai que tive. Pai que era nosso porto seguro, nosso esteio, que sonhava junto, que dizia “não” quando necessário, que entre um plantão e outro arrumava tempo para nos colocar para dormir ou acordar cheio de carinhos.

Às vezes me pergunto se excesso de amor deixa a gente mal acostumada ou exigente demais, se ainda haverá tempo de ter filhos, visto que de marido não há qualquer sinal até agora... Sei que não posso reclamar do que recebi da vida até aqui, mas será que é pedir demais que ela me conceda alguém com a mesma disposição para amar e construir, ao meu lado, uma família? Será que a minha porção de amor nesta vida é finita e já me foi concedida? Eu, sinceramente, espero que não.

E depois de todo esse texto, fiquei pensando: ou o aipim tem propriedades terapêuticas ainda não descobertas pelos psicólogos Brasil afora ou isso é crise dos trinta...

quarta-feira, outubro 11, 2006

Levantando com 2 pés esquerdos

O dia começou bem… Acordei meia hora antes do habitual, porque minha colega de beliche pediu que colocasse o despertador para acordá-LA mais cedo. Resultado: EU é que fui alvo do despertador malvado, embora tenha ficado de lenga-lenga na cama até o horário de costume. Minha amiga nem se mexeu. Desci, olhei pela janela para ver como estava o trânsito em direção à Barra. Tudo normal. Daí, fiz tudo exatamente como faço todas as manhãs, na velocidade mínima de costume,claro, porque hoje o tempo era meu amigo.

Saí de casa um bocadinho mais cedo com a nobre intenção de chegar ao trabalho no horário devido. Não contava com um novo inimigo: o trânsito traiçoeiro. Ao caminhar em direção ao ponto de ônibus percebi que o trânsito que fluía normalmente poucos minutos atrás, de repente se transformou num emaranhado de carros. Tudo absolutamente parado. Por sorte, peguei logo uma van.

8:40 h – eu dentro da van. Estranhamento inicial ao perceber que a trilha sonora era música eletrônica(?). Se eu fosse mais perspicaz teria notado que isso era um aviso do cosmos que alguma coisa estava muito fora da ordem – alguém aí já viu motorista de van ouvindo outra coisa que não pagode ou funk? Eu ainda não.

8:55 h – ainda na van. Neste horário, já deveria ter cruzado o minhocão, o túnel Zuzu Angel, São Conrado inteiro e estaria apreciando a paisagem que mais gosto no trajeto para o trabalho: o elevado do Joá – magnífica combinação de mar e montanha, azul celeste e verde da mata... lindo de viver. Mas onde estava eu? Não tinha sequer atravessado o túnel.

9:05 h – saindo do túnel. Visão da auto-estrada Lagoa-Barra absolutamente parada. O motorista tenta uma estrada alternativa, pelo alto de São Conrado, que nos pouparia alguns minutos de imobilidade naquele trânsito. Relativo êxito. A esta altura a trilha sonora da van já tinha passado por um rock pesadinho, pelo hip hop, pelo pop e chegado ao reggae. E eu com um puta medo de que o cd acabasse, o motorista se lembrasse da 98 FM e tudo desembocasse no pagode!

9:40 h - e eu ainda em São Conrado. Como tudo continuava a passo de tartaruga, o motorista tomou a estrada do Joá. As coisas também estavam lentas por lá, mas como não existe funcionário atrasado e meio, relaxei e desfrutei o melhor do passeio turístico forçado desta manhã.

Momento zen: outros ângulos para observar São Conrado, o mar, o Morro Dois irmãos ficando para trás e a aproximação da Barra, vista de cima, são realmente eficazes para atenuar os aborrecimentos causados num dia assim.

O motivo do engarrafamento? Uma das pistas do elevado fechada para obras de contenção de encosta. Umas pedrinhas rolaram por lá no sábado e antes que a natureza resolvesse brincar novamente de estilingue com os carros que passam por ali, o governo fez mão dupla da pista de baixo. Como o elevado é a principal via de ligação Zona Sul-Barra, o caos se instaura.

10:15 h – finalmente na Barra da Tijuca. Levei nada mais nada menos que o triplo do tempo usual para chegar ao trabalho. E logo num dia em que o boy estaria na rua logo cedo a serviço... Felizmente os chefes já sabiam das condições do trânsito de hoje.

Terei todo o dia para me preparar psicologicamente para enfrentar o trajeto de volta. Mas só de lembrar que hoje é véspera de feriadão, há mais carros na rua e todos parecem ávidos por chegar cedo em casa... penso seriamente em ficar aqui até amanhã de manhã.

Quanto à trilha sonora? Para minha felicidade absoluta, o CD player da van estava no modo "repeat". Do reggae voltamos para a música eletrônica e nem o pagode nem o funk tiveram vez esta manhã. Só me arrependo de não ter perguntado os horários desse motorista, pois já não aguento mais Dicró e sua piranha, Perlla, Sabrina e MC sei-lá-quem dia sim e outro também.

terça-feira, outubro 10, 2006

Igreja de Mary-Juana

Maconha sagrada

Um casal de pastores norte-americanos abandonou o rebanho da sua igreja no Arizona. Mas o motivo é justificável. Uns probleminhas com a Justiça estão impedindo Dan e Mary Quaintance de darem a atenção necessária a seus fiéis. (...)

Fundadores da Igreja do Conhecimento (Chruch of Congnizance), o casal Quaintance considera a maconha uma espécie de divindade (“Honramos a maconha como mestre, provedor e protetor”) que os ajuda a entrar em contato com Deus. Mas as autoridades dos EUA pensam diferente. Enquadraram os dois por tráfico de drogas.

(continua no No Mínimo...)

A cada dia que passa surpreendo-me mais com essas igrejinhas fast-food que surgem em cada esquina. Como se não bastassem os chutes nas santas, os processos dos centros espíritas e de candomblé por intolerância religiosa, tentativas de ressurreição de mortos nos cemitérios Brasil afora e até (pasmem!) xixi santo nas encruzilhadas para demarcar território e livrá-las do Demo, surge essa – a Igreja do (des)Conhecimento e seus métodos nada ortodoxos de contatar a divindade.

Agradeçamos a Deus o fato de, por enquanto, tal igrejinha ainda não ter aberto filial por aqui. Mas, em tempos de globalização e do jeito que brasileiro adora uma novidade importada, não demorará nada nada para lermos nos jornais do país notícias sobre o interesse dos traficantes tupiniquins em firmar parceria com os reverendos acima, com o nobre intuito de ampliar seus negócios entorpecentes.

Fazendo uma análise rápida, sem avaliar propriamente a veracidade das afirmações a seguir, consideremos: é publicamente conhecida a associação pobreza-igreja evangélica; tão conhecida quanto a parceria pobreza-favela; e mais ainda a conexão favela-tráfico de drogas. Ligando os três vértices, teremos o absolutamente rentável trinômio: igreja-favela-tráfico. Ou seja, uma filial da igrejinha de Mary-Juana por favela já é garantia eterna (com perdão do trocadilho) de mercado consumidor para nossos black market businessmen. Céus! Isso é um negócio promissor!

Por isso, é melhor eu parar de dar idéias para criação de empreendimentos inovadores e prósperos como esse. Os interessados em sugestões originais para alavancar seus lucros devem contatar-me por e-mail. Afinal, minha futura empresa de consultoria necessitará de receita para iniciar suas atividades ilícitas e antiéticas.

P.S: Brincadeirinha, pessoal! Por enquanto só nos resta rezar mesmo...