terça-feira, novembro 28, 2006

Me abraça, me aperta

A festa
(Maria Rita)

"Me abraça, me aperta
Me prende em tuas pernas
Me prende, me força, me roda, me encanta
Me enfeita num beijo

Me abraça, me aperta
Me prende em tuas pernas
Me prende, me força, me roda, me encanta
Me enfeita num beijo"


Ô coisa terna...

quarta-feira, novembro 22, 2006

Promise Courier

Neste mundinho globalizado em que vivemos, percebemos que o fenômeno da terceirização não se atém apenas às relações trabalhistas. Notamos que ele já alcançou até mesmo o ramo da espiritualidade.

Não é novidade para ninguém o aumento na quantidade de prestadores de serviços nos templos afora que agem "em nome de Deus". Especula-se que o Todo-Poderoso anda muitíssimo ocupado para dar conta dos pedidos individuais da população mundial, que não pára de crescer. Portanto, diz-se, Ele decidiu horizontalizar a hierarquia, delegar tarefas a fiéis mandatários e potencializar sua capacidade de atendimento e a satisfação do público com os serviços celestiais.

Através de franquias espalhadas pelo planeta, seus “representantes oficiais” realizam qualquer negócio. O serviço espiritual anda tão profissional atualmente, que podemos encontrar no mercado a seguinte lista:

- imobiliárias celestes - que negociam a venda de terreninhos no céu a preços módicos e financiamentos a perder de vista (estamos no campo da eternidade!);
- concessionárias divinas - seu carro novo ou seu dízimo de volta!;
- serviço médico personalizado - especializado em causas impossíveis como a cura para todo o tipo de moléstias e patologias fatais;
- até um call center, com operadores anti-gerundismo preparados para receber as reclamações e súplicas dos fiéis e encaminhá-las a Deus. É claro que o cliente disposto a pagar a taxa de entrega rápida, tem sua mensagem-prece imediatamente colocada na caixa postal do Altíssimo, espécie de fura-fila divino.

Mas engana-se quem pensa que estes serviços representam a vanguarda da terceirização nas práticas monetário-espirituais. A maior novidade entre os fiéis nestes tempos modernos e corridos é o Promise Courier. Por uma pequena quantia, variável conforme o tamanho do serviço a ser realizado, o cliente tem sua promessa paga com a comodidade de permanecer no aconchego do seu lar, sem precisar ralar seus joelhos subindo escadarias nem carregar cruzes pesadíssimas, sacrifícios pra lá de démodé...

Anedota? Não. Até é coisa de português mas, infelizmente, está longe de ser apenas mais uma de nossas famosas piadas protagonizadas por patrícios. Não acreditam? Então confiram aqui.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Antes mal acompanhada do que só

Em dias de faxina no apê, nada melhor que música bem alta. Principalmente se for da Ana Carolina, vociferando sua raiva contra o mundo, os homens (ou mulheres - ainda não sei), os vizinhos e quem mais cruzar seu caminho. Trilha sonora perfeita para mulheres que resolvem limpar a casa em plena noite de sexta-feira por falta de coisa melhor a fazer.

Depois ainda vêm me dizer que é melhor estar só do que mal acompanhada... Sei.

Hoje Eu Tô Sozinha
(Ana Carolina)

Hoje eu tô sozinha
E não aceito conselho
Vou pintar minhas unhas e meu cabelo de vermelho
Hoje eu tô sozinha
Não sei se me levo ou se me acompanho
Mas é que se eu perder, eu perco sozinha
Mas é que se eu ganhar
Aí é só eu que ganho

Hoje eu não vou falar mal nem bem de ninguém
Hoje eu não vou falar bem nem mal de ninguém

Logo agora que eu pareiParei de te esperar
De enfeitar nosso barraco
De pendurar meus enfeites
De fazer o café fraco
Parei de pegar o carro correndo
De ligar só pra você
De entender sua família e te compreender
Hoje eu tô sozinha e tudo parece maior
Mas é melhor ficar sozinha que é pra não ficar pior

segunda-feira, novembro 06, 2006

Aula expositiva de como não se deve administrar o tempo - Parte II

Sábado
Mais um dia de despertador às 9 h, jornal pela manhã. Ligação aguardada durante o dia, que não veio, e ida ao centro da cidade para umas compras domésticas. Aproveitei a liquidação de UD da C&V e comprei um novo liquidificador. O meu, presente de um amigo, já tinha lá seus 20 anos... Agonizava. Com meu novo hábito de fazer bolos de cenoura, ele foi liquidado, coitado.

Além de um trato no visual (manicure e hidratação das madeixas), afinal, sábado é dia de gata borralheira virar Cinderela, nada de mais produtivo foi feito do dia. Meu amigo estudando para o mestrado e eu lá... prostrada diante da tv, já que o príncipe encantado ainda não encontrou meu sapatinho (sapatinhos de cristal número 38 são realmene difícieis no mercado)...

Somente à noite desentoquei e fui dar uma voltinha na praia. Meu penpal chegou e fiz as honras da casa. Mostrei-lhe um pouco de Ipanema e Arpoador e combinamos alguma coisa para o domingo. Ele pareceu bem simpático, gentil e bonitinho como sugerido por MSN e fotos anteriores. Pena que tenha alguns centímetros a menos do que eu imaginava e muito menos português do que o esperado, o que complica um pouco as coisas, já que meu inglês impede qualquer conversação mais longa.

Domingo
Programa do dia: assistir à qualquer partida de beach soccer que estivesse acontecendo na praia de Copacabana. Acordei às 7:30 h em pleno domingo, início de horário de verão (traduzindo: uma hora a menos de sono), coisa que não faço nem para ir à EBD de minha igreja. Às 8:30 h lá estava eu em Ipanema só para levar o coleguinha ao jogo. Conseguimos entrar e arrumar um bom lugar na arquibancada.

Dia agradável, não muito quente, ligeiramente nublado. De posse de água e protetor solar, ficamos lá por algumas horas à mercê do mormaço e do entusiasmo da torcida. As seleções? França e Canadá no primeiro jogo e, para minha surpresa, Brasil e Japão no segundo. Ódio mortal da França e seus sei-lá-quantos gols sobre o Canadá. Perdi as contas não sei bem onde. Nem adiantou toda a torcida fazendo corrente-pra-frente para os canadenses... os coitados precisam realmente aprender a jogar futebol. Depois foi a vez do Brasil, que também me fez perder as contas, só que dessa vez felizmente, afinal estávamos vencendo.

Gostei da experiência. Nunca havia assistido a uma partida de futebol ao vivo. É bem empolgante. Duas partidas de futebol forneceram uma boa dose de risadas e um bocado de xingamentos contra os franceses no domingo. Emoções extravasadas. Felicidade estampada na cara. Os inúmeros técnicos e figuras excêntricas ao redor têm efeitos maravilhosos sobre nosso humor.

Pois bem, terminada minha aventura sociológica, hora de voltar para casa. Caminhando, claro, como pedia a manhã. Longos minutos de mudez, devido ao meu alto grau de conhecimento na língua do Império e do dele sobre a língua de Camões, e lá estávamos nós no hotel novamente. Almoço no Garota de Ipanema, meu anunciado presente de Natal (um thesaurus) devidamente entregue e as despedidas do dia. Só quando chego em casa, exausta, é que percebo o resultado da aventura: qualquer tomate perde feio para meu vermelho vivo. Esturriquei sem perceber.

A sensação de improdutividade ainda me incomoda. Acho que preciso mesmo de um cursinho de administração do tempo – módulo intensivo plus! Empaquei novamente no "Cem Anos de Solidão", por conta disso não voltei para "Lolita", não comecei a ler o livro sobre religiões, em inglês (!), emprestado por um amigo, não consegui dar conta de meus DVDs da Aeon Flux, nem de outros filmes que constam na lista de desejos.

Balanço do feriadão: foi bem menos proveitoso do que poderia, mas ainda assim agradável. Estou excessivamente bronzeada, com um tom vermelho-turista que só gente desprovida de melanina consegue alcançar, ardida, mas com incríveis olhos verdes, realçados todas as vezes que tomo qualquer sozinho.

P.S.: Prometo que em minha próxima incursão ao mundo dos guias de turismo tento ser menos clichê.

Aula expositiva de como não se deve administrar o tempo - Parte I

Segunda, terça e quarta foram dias agitados no trabalho, chefes em viagem e uma série de tarefinhas e pagamentos a fazer já que a semana seria mais curta. Quase nada de jornal online, blogs ou No Mínimo e, portanto, nada de engraçado para comentar por aqui... Mas compensaria, afinal o feriado seria longo. E começaria na própria quarta com uma sessão de cinema baratinha, perto de casa e com o filme da Chapeuzinho enlouquecida. Porém...

Quarta-feira
No fim do expediente, combino cinema com um amigo, meu companheiro infalível para filmes-que-ninguém-mais-quer-assistir. Tudo certo para a última sessão no shopping a meio caminho do meu trabalho e da casa dele.

Chego mais cedo e vejo que a sessão indicada pelo jornal não existe. Ou seja, não poderia mais dar as risadas que pretendia e teria que me contentar com outro filme. Até aqui, tudo bem. Como o tempo ainda sobrava, comprei o ingresso para a última sessão de Pequena Miss Sunshine e fui dar uma volta no shopping enquanto meu amigo não chegava. A partir daí a noite desandou.

Cansei de dar voltas e nada do dito-cujo aparecer. Nada de mensagem avisando que não iria. Nada de crédito no meu celular para eu xingar o cidadão. Que raiva! Mas já que estava na chuva, resolvi me molhar de vez e ali permaneci, como feliz proprietária de um ticket de cinema numa noite solitária. Avistei uma livraria, entrei, encontrei de cara o livro de iniciação à Filosofia cuja indicação recebera do Barista no dia anterior e, óbvio, comprei. Sentei num cantinho, espécie de lounge, acho, e comecei a ler. Ótimo para leigos como eu.

Pouco antes do filme, mais uma volta no shopping e uma cantada nada original (do tipo “Oi, não te conheço de algum lugar? Da Letras & Expressões talvez?”) de um velho-babão. Se fosse ao menos um coroinha enxuto, eu até diria que sim, diria até que trabalhava lá. Mas para o véio-babão não dava. Seria baixar níveis demais no meu controle de qualidade. Sou uma encalh... oops, solteira por (falta de) opção, mas até na solteirice existe dignidade.

Pois bem, passado o susto e a careta que eu, involuntariamente, devo ter feito para o distinto senhor, fui para o cinema e ri um bocado com o filme. Valeu a pena, mesmo sozinha. A volta para casa é que é sempre ruim. Os ônibus nos ignoram, as vans idem... Mas felizmente cheguei ao apê a tempo de contar a estória para os colegas e terminar a noite rindo.

Quinta-feira
O dia começou tarde. Como sempre, dormi demais e, apesar do bem-estar físico que isso me proporciona, a culpa pela sensação de improdutividade continua me inundando em dias de ócio. Além das compras de mercado, nada fiz de importante.
Sexta-feira

Não trabalhei. Acho que os chefes estão bastante felizes no Caribe e por isso nos deram esse dia de brinde. Para tentar não me culpar pela improdutividade do dia, pus o relógio para despertar às 9 h (quem me conhece sabe que, sem relógio, costumo acordar lá pelas 13 h). Vi parte do telejornal, li o jornal do dia e fiquei lá desejando, como sempre, ter companhia para as mil e uma coisas que gostaria de ver ou fazer nos próximos dias. Teatro com meia-entrada, com direito a acompanhante - legal, mas muito longe. Maratona Odeon – ótima pedida, mas dependia de dinheiro (porque dessa vez não haveria meia-entrada) e da companhia dos amigos. Rastros da Maldade na HBO à noite – maravilha, adoro o Tony Hill.

As horas passaram, nem sei dizer como, e no meio da tarde, inventei uma faxina. Resultado: casa limpa, mas Fabiácea suja, descabelada e com dores lombares, já que a coluna, há anos, não é mais a mesma. O cansaço somado à cólica de costume, à desistência de um amigo de ir à Maratona e ao desejo de economizar me fizeram terminar a noite em casa mesmo. Rastros da Maldade me deixaria feliz o suficiente, mas só se a HBO cumprisse sua própria grade de programação. Mas quem disse que o canal o fez? Agiu como o SBT, que muda os horários e dias das séries sem prévio aviso, logo na sexta, na minha sexta de programações frustradas... Como estava sem sono em função do cochilo pós-faxina e meu amigo estava nos braços de Manoel Carlos no meio da sala, levei o DVD player para o quarto e finalmente assisti Camile Claudel, que já estava empoeirando lá na estante. Fiquei surpresa de como eu gosto do Gerard Depardieu e seu nariz obsceno!