quinta-feira, agosto 31, 2006

Colocando a vida em dia

Dediquei o último fim de semana a pôr minha vida em ordem. No sábado arrumei o armário onde guardo meus livros, revistas e coisas da facul e, sacos e sacos de lixo e poeira depois, consegui até um espaço para os DVDs e VHS (meus e emprestados) que estavam se espalhando pela sala.

Aproveitando o caboclo limpador que baixou em mim naquele dia, fiz da faxina o mote do dia. O mesmo caboclo baixou na minha colega de quarto e a casa ficou tinindo de limpa. Não houve espaço para o “encosto do sofá” baixar nem para o “monstro da pia” estender seu reinado.

Depois dessa sessão de descarrego de poeira, teias de aranha e papéis velhos, mal conseguimos andar. Mas isso não nos impediu de ir ao Projeto Aquarius à noite e pasmar diante de tão grande espetáculo [lindo de viver], e tampouco de rir das figuras que sempre surgem num evento popular como esse: a gorda-encalhada-deitada-na-areia que se irritava com os passantes que tentavam transpor aquele enorme obstáculo; o cara da equipe de segurança que não parava de tagarelar ALTO no walk talk e que, por conseqüência, estava quase sendo fulminado pelos olhares e pelos sonoros “shhhh”, “silêncio” e “cala a boca, infeliz” de todos ao redor; as velhinhas que só vão para grandes eventos para ter mal estar, chamar os ditos seguranças e atrapalhar o concerto alheio; e, é claro, os ambulantes “surdo-mudos” que tentavam desesperadamente vender suas geladas mercadorias através de gestos e sussurros porque, afinal, queriam manter a etiqueta que o evento pedia.

No domingo mal consegui acordar e levantar da cama, por isso, nada fiz de relevante.

Durante a semana me propus a ficar em dia com o cinema e assistir a todos os DVDs e VHSs que agora se acotovelam naquele cantinho do armário. Na segunda, depois de vencer meu colega de apê na disputa pelo controle da TV e ter deposto a novela das sete, finalmente assisti o filme “O jardineiro fiel”. Só não fui assassinada porque meu amigo acabou gostando do filme.

Dia desses tentei ver “Lês choristes” [que aqui virou “A voz do coração”] que um amigo emprestou, mas o ordinário do dvd travou aos 115 min do segundo tempo. Conclusão: terei que alugar um dvd decente na minha extorsiva locadora. Como a televisão lá de casa é socializada, não posso simplesmente ser a déspota da TV que gostaria e ver um filme a cada dia. Tenho sempre uma árdua batalha a ser travada com o Manoel Carlos, com A Diarista ou com A Grande Família. Por isso ainda restam na minha lista a assistir: Guerra nas Estrelas I e II [os novos], Arquivo X [o filme], Quem somos nós?, Camile Claudel, Old boy [que descobri hoje ser precedido de Sr. Vingança e sucedido por Lady Vingança – só pra aumentar minha lista...]; uns filminhos lá no estilo Spike Lee e pasmem – uns VHS do Nacional Kid e os seres abissais [seja lá o que isso for].

Ontem fui ao CCBB com uma amiga e hoje devo ir com amigos ao Parque dos Patins, na Lagoa, vê-los patinar e, quem sabe, alugar um par de patins e me aventurar a levar uns tombos. Se amanhã eu não postar nada por aqui, não se espantem, pode ser apenas efeito colateral da patinação. Meu chefe vai adorar ver sua secretária de tailleur vermelho para combinar com o mertiolate dos joelhos ralados, uma botinha de gesso azul-marinho para combinar com a cor do uniforme ou uma tipóia marfim-pérola para fazer o estilo tom-sobre-tom em ambientes pastéis.

Se ainda me restar saúde, pretendo ir à Maratona de Cinema Odeon BR amanhã e varar a madrugada no cinema com amigos. E se tiver palitinhos para pôr nos olhos no sábado, vou ao churrasco de aniversário do papi de minha colega de quarto. Domingo tem mudança. Finalmente levaremos um computador e uma tv decente para aquele apartamento.

E os demais finais de semana de setembro ainda prometem! Constam na agenda o churrasco com antigos amigos do segundo grau, uma pequena viagem a Sampa e o Congresso Latino-Americano da Juventude Batista aqui mesmo na Tijuca. Muy chevere!

Ah, confesso que ainda não cumpri todas as tarefas do post anterior... Não voltei para a academia, mas pelo menos evitei o Rei do Mate e a Casa da Empada. Tenham fé, eu chego lá.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Evitando a primeira glicose

Só por hoje evitarei o primeiro brownnie, a primeira empada de chocolate, o primeiro sundae e o primeiro cappuccino. Só por hoje manter-me-ei longe da primeira glicose.

A partir de segunda, como reza toda boa cartilha de promessas, esse será o mantra diário a ser proferido por esta blogueira assumidamente viciada. Não. Não fumo, não bebo e não cheiro. Mas não consigo resistir ao poder hipnotizador daquele doce pó branco que ocupa lugar de destaque na minha cozinha, ao lado de outro pó, o marrom, de poderes similarmente encantatórios. Sim, eu sou uma açucólatra inveterada e prestes a me tornar também uma cafeinólatra.

Esses dias de ansiedade têm me deixado à mercê do vício. Considerando meu sedentarismo e minha trágica herança genética, acho bom eu começar já a preparação psicológica para viver meus últimos dias sem meus dedinhos dos pés ou das mãos, parafraseando um amigo de copa e cozinha...

Por isso, ou melhor, para evitar que isso aconteça, afinal pretendo continuar escrevendo esse blog, na próxima semana darei início a um tratamento de choque contra todo tipo de dependência na minha vida:

1. recitarei mentalmente o lema dos Açucólatras Anônimos e evitarei a todo custo a primeira glicose;

2. voltarei para a academia, cujas aulas abandonei no 2º. dia, mas que continua providenciando o emagrecimento de minha conta bancária;

3. manterei distância dos antros de perdição em que tenho me enfurnado logo após o almoço e no fim do expediente: chega de Rei do Mate e seus cappuccinos deliciosos, nada de Casa da Empada e suas saborosas empadinhas de chocolate, tampouco de Mc Donalds e seus sundaes com caldas transbordantes e amendoim! Basta!!

Ou dou início imediato a tais medidas ou meus colegas de apartamento serão testemunhas de minha derrocada - me flagrarão qualquer dia desses prostrada no sofá, sob efeito de uma overdose, após ter consumido todo o nosso pote de açúcar..

quarta-feira, agosto 23, 2006

Atendente de telemarketing com falha na programação

Quem nunca levou horas ao telefone tentando se livrar daquele cartão de crédito sem serventia, se desfazer da assinatura do jornal/revista que mal consegue ler e que só lhe aumenta a conta do cartão?? Quem não tem uma longa batalha travada nos SAC’s da vida com uma atendente de telemarketing que atire o primeiro headset!!

Depois de passar por 4, 5 ou 6 atendentes, repetindo o seu código de cliente, o CPF, o RG, o endereço residencial, o tamanho da roupa e o número do seu sapato para TODOS eles e se sua ligação não cair misteriosamente, você consegue falar com o tal Setor de Cancelamento [conhecido por esse nome somente por nós, desse lado da linha, porque, na verdade, internamente ele se chama Departamento de Retenção - de otários]. E quarenta desgastantes minutos depois, com sorte, tem “sua solicitação atendida, senhorrr”.

É de conhecimento público que atendentes de tmkg são biologicamente programados para não aceitarem “não” como resposta; sofrem apagamento de memória para desconhecerem propositalmente a palavra “cancelamento”; assim como recebem treinamento lingüístico intensivo para adquirir aquele sotaque paulista sofrível, devidamente acompanhado de gerundismo odioso. Eu também pensava assim até que, pela primeira vez, surpreendi-me com uma atendente eficaz e obediente, quando tentei cancelar minha assinatura de TV a cabo.

Como moro numa república, decidimos em grupo aplicar “o golpe do cancelamento" em nossa operadora de TV a cabo. Depois de decidirmos quem tem mais poder de negociação dentre os presentes, elegemos minha colega de quarto por sua conhecida habilidade com vendas e técnicas de convencimento [eu, embora titular da conta de assinatura, nunca poderia ter sido eleita para tal tarefa devido a meu perfil secretária-subserviente de ser]. Pois bem, iniciou-se o que pensamos ser a nossa via-crúcis até o tal setor de cancelamento.

Olhos fitos em nossa colega de apê. Umas musiquinhas na espera do atendimento, dados confirmados, blá, blá, blá, “cancelamento de assinatura”, blá, blá, blá, “corte de despesas”, blá, blá, blá, “muito obrigada por ligar para a TVBlá e uma boa noite”. Olhos arregalados e apreensivos se voltam para nossa grande negociadora. “E aí? Que houve? Imploraram para nós não cancelarmos a assinatura e ainda nos deram um desconto polpudo e mais um ponto grátis? Hein? Hein?”. E a colega com voz e expressão de espanto: “Não, a mulher cancelou nossa assinatura! Eu disse que queria cancelar e ela disse - pois não, senhora, estarei cancelando sua assinatura nesse momeeiinto. E só".

Olhares tensos e culpados na sala por termos ousado aplicar o golpe do atestado de pobreza na operadora de TV. “E agora??”, “Será que vão nos deixar sem sinal mesmo?”, “Tá vendo? Quem mandou vc [eu] querer dar uma de esperta?!”. Minutos de confabulação depois, ligamos novamente para o SAC e cancelamos o cancelamento, tal qual marido arrependido que abandona mulher e filhos, filho pródigo ou cachorro fujão que à casa torna. Enfiamos humildemente nossos rabinhos entre as pernas e imploramos à TVBlá que nos aceitasse de volta.

Só sei que por essa não esperávamos. Afinal quem imagina encontrar do outro lado da linha uma atendente de telemarketing com falhas na programação e persuasão zero?? Devíamos é ter aberto um protocolo de reclamação quanto ao pronto atendimento de nossa solicitação, isso sim. Tanta presteza demonstra que o processo de robotização da dita-cuja não foi plenamente realizado e isso deve estar ferindo o estatuto da categoria.

sexta-feira, agosto 18, 2006

Uma sexta confessional e um gênio domado

Tem tudo para não ser lá grande coisa a sexta que começa às 4:30 h da manhã, em função de uma dor no baixo ventre que periodicamente me assola. Depois dela, voltar para a cama é inútil. Até que o analgésico faça efeito, a maldita dor se irradia para as pernas e a lombar... Mas eu, teimosa, fico lá, embrulhadinha no edredom, lembrando das conversas com amigos do antigo escritório da noite anterior.

Aproximadamente 30 anos resumidos em apenas 2 horas e passei a conhecer um pouco da história de um gênio domado. Domado pela negligência velada de todos aqueles que amava, que por sinal, eram os mesmos por quem se supunha ser amado. As conseqüências? Talentos reprimidos, potencial desperdiçado e muita revolta. Felizmente, sua inteligência notável e auto-regenerativa reteve o melhor de toda a leitura consumida ao longo de anos e o livrou de um futuro sombrio. Espera-se apenas que, de agora em diante, ele ouse sonhar e realizar o que sua genialidade permitir. Se considerarmos a Minnie Driver que apareceu em sua vida, digamos que esse filme promete e tudo indica que terá um final feliz.


Quanto à sexta, começou cedo demais, com pensamentos demais e confissões demais também. Dessa vez, minhas. Pena que de tão mal resolvidas, serão assunto para outro post um dia ou para sessões de terapia, obviamente.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Manual de instruções e garantia de fábrica para gêneros humanos

Sempre que compro qualquer eletro-eletrônico, roupa, ou sapato que seja, procuro dar uma olhada no manual de instruções e na garantia do fabricante. E embora nem entenda todos os seus símbolos e termos técnicos, os considero de grande valia para aprender a manusear e manter o meu novo bem.

Pois bem. Fico pensando em como seria mais fácil se ao gênero humano fossem aplicadas as mesmas regras, se ao nascermos viéssemos todos com manual de utilização que discriminasse todas as nossas idiossincrasias, condições de funcionamento, prazo de validade, etc, assim como um certificado de garantia emitido por nossos progenitores, bem ao estilo Inmetro ou ISO 9000.

Digo isso porque tenho uma grande dificuldade perceptiva em relação a sutilezas das emoções alheias. Nunca sei se ao manifestar preocupação e cuidado com alguém, esse alguém pode me tomar por intrometida ou pegajosa. Se for a distraída habitual, posso ser interpretada como insensível, relapsa, que faz pouco caso ou dá pouca importância aos acontecimentos da vida alheia...

Um manual de instruções seria ideal para casos como esses. Nos pouparia um tempo precioso ao conhecer pessoas. O diálogo cincundante de praxe do tipo “Oi! Qual o seu nome? Vc vem sempre aqui? Gosta de cinema? Quais são seus blá-blá-blá-blá-blá prediletos?” seria facilmente substituído por “Oi. Como você se chama? Posso dar uma olhada no seu manual de instruções?” ou o direto “Oi. Sou fulano. Quer dar uma olhada no meu manual? Minha garantia tem o selo do InMamma.”, para os mais atiradinhos. Assim, saberíamos se valeria ou não a pena investir tempo, emoções e dinheiro em futuros relacionamentos.

Aparentemente funcionaria bem. Mas aí, ao consultar o meu próprio manual e certificado de qualidade, ficaria com um medo danado de sair distribuindo os mesmos por aí. O sistema InMamma lá de casa deveria garantir perfeito funcionamento por, pelo menos, uns 30 anos, não é? Mas antes mesmo desse prazo de validade já apresentei um monte de panes fisiológicas. Ainda bem que nasci antes do Código do Consumidor! Para exemplificar a razão de meu receio, examinemos, pois, alguns itens do capítulo 4, do volume IX do compêndio fabítico:
- Produto: Mulher
- Altura em idade adulta: 1.70 m
- Cor: branca (podendo apresentar variações para o rosa ou o vermelho ao sofrer ação de raios solares)
- Olhos: aparentemente castanhos. Somente os privilegiados que chegarem suficientemente perto conseguirão ver que são, na verdade, verde-escuros, com grande tendência a clareamento em casos de exposição ao sol ou tingimento dos cabelos.
- Cabelos: item imprevisível e de vontade própria. Pode-se apresentar na forma ondulada, cacheada ou liso-Glória-Pires, dependendo da intensidade da chapinha realizada, assim como mudar de cor de 3 em 3 meses, conforme orientações específicas do cabeleireiro.

Devido ao triste histórico familiar, algumas imperfeições fisiológicas já se manifestaram. A ver:

- Sistema visual: estrabismo; astigmatismo e fotofobia (desde os 8 anos)
- Sistema mastigador: devido à alta quantidade de doces ingeridos, apresentou desgaste aos 8 ou 9 anos. Depois disso, foram necessárias manutenções periódicas, que já não são realizadas há uns bons 5 anos.
- Sistema circulatório: membros inferiores mais parecidos com um mapa hidrográfico. Há mais ramificações e afluentes neles que no próprio Rio Amazonas.
- Sistema de armazenamento de informações: a partir dos 25 anos percebeu-se uma perda sensível na quantidade de neurônios atuantes. Resultado: Síndrome de Dory.
- Sistema reprodutor: como não há previsão de filhos tão cedo, aconselha-se a, pelo menos, realizar manutenção contínua de parte do sistema (mais conhecida como genitália), antes que atrofie por falta de uso.

Obs: Nem entraremos no capítulo Emoções, Traumas e Perfil Psicológico por ser de uma complexidade extrema. Praticamente indecifrável.

E no fim das contas, chego à triste conclusão de que é melhor mesmo não virmos com manual nem certificado. Depois de ler os meus, quem me levaria pra casa?

Por essas e outras falhas de funcionamento, tenho que correr com minhas projeções financeiras para fazer um seguro-saúde o mais brevemente possível. Antes que a máquina aqui pife de vez, preciso levá-la para manutenção. Há uma lista gigantesca de “-istas” a visitar: o oftalmologista, o endocrinologista, o neurologista, a angiologista, o dentista... ai ai.

Eu vivo sempre no mundo da lua...

Everyday I Love You Less And Less
Kaiser Chiefs

Everyday I love you less and less

It's clear to see that you've become obsessed
I've got to get this message to the press
That everyday I love you less and less
And everyday I love you less and less
I've got to get this feeling off my chest
The Doctor says all I needs pills and rest
Since everyday I love you less and less
Unless, unless
I know, I feel it in my bones
I'm sick, I'm tired of staying in control
Oh yes, I feel a rat upon a wheel
I've got to no what's not and what's real
Oh yes I'm stressed, I'm sorry I digressed
Impressed you're dressed to SOS
Oh, and my parents love me
Oh, and my girlfriend loves me
Everyday I love you less and less
I can't believe once you and me did sex
It makes me sick to think of you undressed
Since everyday I love you less and less
And everyday I love you less and less
You're turning into something I detest
And everybody says that you're a mess
Since everyday I love you less and less
Unless, unless
I know, I feel it in my bones
I'm sick, I'm tired of staying in control
Oh yes, I feel a rat upon a wheel
I've got to no what's not and what is real
Oh yes I'm stressed, I'm sorry I digressed
Impressed you're dressed to SOS
Oh, and my parents love me
Oh, and my girlfriend loves me
Oh, they keep photos of me
Oh, thats enough love for me

Minha quase total ignorância musical produz situações engraçadas. Os amigos freqüentemente me olham com aquela cara de espanto que diz “como assim nunca ouviu falar de fulano-de-tal?” ou “no mundo em que você vive não pega rádio não?”. Não. Nem CD, tampouco MP3. Meu parco conhecimento musical está com uma defasagem de uns 15 anos, no mínimo. Os poucos cantores e bandas que conheço são lá dos anos 80 e 90, com algum esforço. E mesmo assim, se ouvir uma música do U2 sou capaz de confundir com as do Duran Duran...

Mas voltando ao início do parágrafo, o que queria mesmo dizer é que esse meu jeito “mundo da lua” de ser, além de arrancar gargalhadas dos amigos, me faz ter boas surpresas. Uma delas foi a música Everyday I Love You Less And Less, ao assistir dia desses, por acaso, um Planet Rock com o Kaiser Chiefs, no Eurochannel. Gostei dos caras e ri um bocado com a letra da música. Achei perfeita para relacionamentos em decadência. Enviá-la ao cidadão (ou cidadã) que anda tirando sua paciência é a gota d’água que faltava para transbordar o potinho e mandar o sujeito (ou sujeita) para muy lejos...

P.S: Dispenso comentários técnicos dos musicistas de plantão, ok? O que quer que se diga sobre qualidade sonora do dito grupo soará aos meus leigos ouvidos da mesma forma que o discurso empolado de FHC soa a um analfabeto...

quinta-feira, agosto 10, 2006

Olhos desnudos

Hoje o dia começa estranho. Saio de casa para o trabalho, como sempre, lutando contra o tempo, que insiste todos os dias em ser mais rápido do que a velocidade com que eu consigo me movimentar de manhã. Depois de descer os seis andares do meu prédio de escada [já que o dito-cujo não tem elevador] noto que esquecera alguma coisa - meus óculos, amigo inseparável. Não haveria tempo nem pernas suficientes para voltar e apanhá-lo.

É esquisito. Não que eu precise dele impreterivelmente para trabalhar. Enxergo sem ele. O problema é mais psicológico, creio eu, do que físico. Como desde que me entendo por gente [isso lá pelos sete/oito anos], eu uso óculos, ficar sem eles produz a mesma sensação de alguém que sai de casa e esqueceu de por o sutiã, ou a cueca, na versão clube do bolinha. Estou me sentindo seminua.

Estar com os olhos desnudos é como se eu, por inteiro, estivesse vestida apenas com transparências. A minha sensação diante das pessoas é parecida. Estou sem meu dileto protetor, à mercê de todos os olhares surpresos em me ver sem ele e sujeita aos efeitos do sol para piorar.

E por isso resolvi postar logo de manhã, visto que após as 18h a última coisa que farei é enxergar alguma coisa...

quarta-feira, agosto 09, 2006

Trava-língua evangélico

Recentemente um amigo enviou-me um link para uma página repleta de nomes exóticos (para não dizer esdrúxulos mesmo) de diversas igrejas evangélicas. Como a maioria de meus amigos reais ou virtuais sabe, sou protestante/evangélica/crente ou qualquer-outro-adjetivo-pejorativo-que-quiserem-atribuir-a-esse-seguimento-religioso. No entanto, nem eu levaria a sério uma igreja ou seus “preceitos” cujos títulos fossem esses:

1. Igreja Palma da Mão de Cristo - A.F.(antes do furo) ou D.F.(depois do furo)?

2. Cruzada Evangélica do Pastor Waldevino Coelho, a Sumidade - quer dizer que a sumidade é o pastor?!! Jesus, de filho do Rei foi relegado a mero coadjuvante da tal sumidade? Depois não se espantem se a sumidade sumir com o dinheiro dos dízimos...

3. Igreja Evangélica Pentecostal Cuspe de Cristo - bem, eu ficaria mesmo é com um nojo danado de participar da cerimônia da ceia nessa igreja (blergh!). Acho que os irmãozinhos de lá andam levando ao pé da letra demais a metáfora “esse pão é meu corpo..., esse vinho é meu sangue...”. Além disso, se não me engano, não há na Bíblia a parte do cuspe...

4. Igreja Dekanthalabassi – Caraaaaca! Já inventaram até grafia para as famosas “línguas estranhas” dos irmãozinhos pentecostais. Então já não são tão estranhas assim, não é mesmo? Daí para começarmos a conjugar eu dekanthalabasseio, tu dekanthalabasseias, nós dekanthalabasseamos, não custa. Imaginem a coitada da criança na escolinha bíblica dominical tendo que repetir isso. Vai precisar mesmo de um milagre para não morder a língua.

5. Igreja E.T.Q.B (Eu Também Quero a Bênção) - Acho que mais difícil de decorar do que essa sigla, somente a classificação da NGB para as orações subordinadas substantivas. Lembram? Era uma tal de Or. Sub. Substantiva Objetiva Direta pra cá; outra Or. Sub. Substantiva Predicativa pra lá; mais uma senhorita chamada Oração Subordinada Substantiva Subjetiva acolá (ou simplesmente O.S.S.O.D., O.S.S.P. e O.S.S.S) e estava pronta a indigesta sopa de letrinhas dos alunos nas traumáticas aulas de português.

E eu na minha tradicional, lacônica, porém lúcida Igreja Batista... Que assim seja! Amém.

Tem mais um monte de nomes esquisitos por lá, caso queiram dar mais umas risadas: http://omedi.blogspot.com/2006_07_30_omedi_archive.html

Memória auxiliar

Encontrei isso num blog por aí:

Comprar comprimidos para me ajudar a lembrar de tomar os comprimidos para a concentração e memória.

[Isso ou encher a casa e o escritório de post-its coloridos... ]

Mais uma companheira nessa luta inglória contra a Síndrome de Dory de que sofre boa parte da população mundial [e que não esperem citações estatísticas aqui, oras, por motivos óbvios: não sei onde as guardei!]. Estou quase fundando uma ONG para arrecadar fundos para todos nós, deficientes neuronais, para indenizações vitalícias em caso de falência completa da memória.

A nossa sorte é que inventaram o Outlook e seu agendamento de tarefas [bendita seja a Microsoft!]. Eu não funciono sem ele. Meu caso já é tão avançado que nem a agenda manual ou caderno eu lembro de consultar. Esses instrumentos funcionam apenas como placebo, só o fato de estarem sobre a mesa de trabalho deixam-me mais tranquila.

No entanto, para o problema não alcançar um estágio insolúvel e eu acabar sendo desenganada definifivamente pelos meus executivos [leia-se: chefes], só me resta ter vááários lembretes azuis acenando para mim no computador o dia inteiro.
Ainda bem que, por enquanto, ainda lembro de anotar as coisas que devo fazer. Mas não sei por quanto tempo...

terça-feira, agosto 08, 2006

Neurônios on vacation

Nem bem teve início a minha promissora carreira de escritora e eu já passo pela crise de criatividade que acomete grandes autores lá pelos 30 anos de profissão e legado invejável. Conclusão: uma semana sem postar absolutamente nada, nem uma fabice sequer.

Começo a desconfiar dos motivos: a)eu sou mesmo uma menina tão prodigiosa e precoce que consigo a proeza de antecipar em alguns anos o período infértil que os ditos bons escritores levam décadas para alcançar; b)foi culpa do excesso de massagem no ego do post anterior. Eu sabia que bajulação demais teria algum efeito adverso. Sei não, mas estou propensa a acreditar na segunda hipótese...
Ah, se bem que... a total ausência de idéias pode ter sido conseqüência da balaiage que fiz no sábado. Havia me esquecido... Só pode ter sido isso!
E como se não bastassem as férias de Tico e Teco, ainda tenho que lidar com os comentários pueris dos machos que por aqui passam sugerindo a inclusão de mulher pelada só para aumentar a audiência desse humilde blog. Ts ts ts. Mas confesso que a idéia do filminho “republicano” me cativou. :-)

P.S: Falando sério agora, os chefes bonzinhos estão me deixando intelectualmente constrangida. Sei lá, de repente me veio um sentimento de culpa por estar recebendo salário para escrever no blog... Então, para expiar meus pecados, jurei escrever apenas após as 18 h, já que antes das 9 h é impensável. O problema é querer ficar no trabalho depois desse horário...